onde a água ganha vida

Nascer no ponto mais alto de Portugal continental, dá a esta água uma natureza sem igual. É nestas montanhas tão próximas das nuvens que chegam as primeiras chuvas. Absorvida pelo solo e pela rocha granítica, a água percorre o caminho até ser recolhida. É um processo lento e complexo, de filtração natural pelo subsolo e pela rocha que lhe dá um sabor e uma composição específica de sais minerais e oligoelementos.

UMA SERRA COMO NENHUMA OUTRA.

MAJESTOSA. EXTENSA. ÚNICA.

A Serra da Estrela formou-se há 65 milhões de anos, aquando da colisão de duas grandes placas tectónicas: a euro-asiática e a africana. Em consequência de vários ajustamentos e movimentos compressivos, a cadeia montanhosa elevou-se cada vez mais, bloco a bloco. Foi essa deslocação que fez surgir o efeito de escadaria, de tipo alpino, que hoje é possível observar na paisagem da Serra. No final da última era glaciar, há 10 mil anos, começou a regressão dos glaciares. Este degelo deixou as suas marcas no vale do Zêzere e nos grandes blocos graníticos que hoje repousam nas encostas, arrastadas pela força dos blocos de gelo.

Hoje, a Serra da Estrela é a cadeia montanhosa de maior altitude em Portugal continental. Mas a sua grandiosidade não se mede apenas pela altura. É também uma das zonas verdes mais extensas do país. O maciço montanhoso estende-se por 115km desde a Guarda até à Lousã. O Parque Natural, o primeiro a ser criado no país, é a maior área protegida portuguesa.

A sua escala e o seu isolamento geográfico, permitem que aqui se desenvolva uma flora e fauna excecional, em particular no planalto superior onde se concentram várias espécies endémicas. As montanhas, vales, lagos e recantos da Serra são o habitat de muitos mamíferos, entre eles o lobo, e aves como as águias de asa redonda. No planalto médio, temos também diversas árvores de grande importância para a manutenção da qualidade do ar, solo e, claro, da água: o castanheiro, o carvalho-roble, o carvalho-negral, o pinheiro bravo e a azinheira.